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Tratamento Experimental para Alzheimer Supera Expectativas

Pacientes nos estágios iniciais do Alzheimer podem em breve ter uma nova opção de tratamento experimental para Alzheimer que promete retardar a perda de memória e pensamento.

Em um estudo com mais de 1.700 pessoas, o medicamento experimental donanemab retardou a progressão do Alzheimer em cerca de 35%, informaram cientistas na Conferência Internacional da Associação de Alzheimer em Amsterdã.

O resultado, publicado simultaneamente na revista JAMA, sugere que o donanemab é pelo menos tão eficaz quanto o novo medicamento aprovado Leqembi (lecanemab), que mostrou reduzir a progressão em cerca de 27%.

“Este é o maior efeito já observado em um ensaio de Alzheimer para um medicamento que modifica a doença”, diz o Dr. Daniel Skrovonsky, diretor de pesquisa e desenvolvimento da Eli Lilly, que fabrica o donanemab.

A empresa submeteu os resultados à Food and Drug Administration e espera uma decisão até o final do ano.

No entanto, especialistas alertam que o donanemab não é uma cura e que seu benefício equivale a apenas um atraso de cerca de sete meses na perda de memória e pensamento.

“Acho que isso fará diferença para as pessoas”, diz a Dra. Reisa Sperling, que dirige o Centro de Pesquisa e Tratamento do Alzheimer no Brigham and Women’s Hospital em Boston. “Mas precisamos fazer melhor.”

Tratamento precoce é fundamental

O donanemab, assim como o Leqembi, é um anticorpo monoclonal projetado para remover uma substância chamada beta-amiloide do cérebro. A beta-amiloide tende a formar placas pegajosas nos cérebros de pessoas com Alzheimer.

O estudo do donanemab focou em pessoas cujas tomografias cerebrais mostraram placas e outras alterações associadas ao Alzheimer precoce. Eles apresentavam apenas sintomas cognitivos leves.

Mesmo dentro desse grupo, pessoas com a doença mais avançada viram menos benefício do medicamento.

“O que vimos é que a capacidade de retardar a progressão da doença é mais forte se você detectar esta doença mais cedo”, diz Skrovonsky.

O estudo também sugere que os pacientes podem não precisar de infusões intravenosas mensais de donanemab para sempre.

Os pacientes foram retirados do medicamento uma vez que as placas em seus cérebros estavam quase desaparecidas, geralmente dentro de um ano. As placas não reapareceram durante o estudo de 18 meses, e o benefício para a memória e o pensamento continuou.

Isso parece dar ao donanemab uma vantagem sobre o Leqembi, que requer tratamento contínuo. Mas ainda não está claro se os benefícios do donanemab persistirão por anos após o término do tratamento.

“Imagino que no futuro teremos essa fase de iniciação onde eliminamos a placa e depois teremos a terapia de manutenção”, diz Sperling.

Tanto o donanemab quanto o Leqembi podem causar inchaço ou sangramento perigoso no cérebro.

No estudo do donanemab, tomografias revelaram esse efeito colateral em cerca de 25% dos pacientes. Cerca de 6% apresentaram sintomas como dor de cabeça, náusea e confusão. Três pacientes morreram.

Uma nova era para o tratamento do Alzheimer?

Os resultados tanto com o donanemab quanto com o Leqembi fornecem evidências fortes de que remover amiloide do cérebro pode retardar o Alzheimer. Essa abordagem, conhecida como hipótese amiloide, estava em dúvida após dezenas de outros medicamentos amiloides falharem em ajudar os pacientes.

Uma razão para o sucesso recente é o tratamento precoce, diz Sperling. Em vez de tratar pacientes que já sofreram danos cerebrais significativos devido ao Alzheimer, os pesquisadores têm focado em pessoas cujos cérebros ainda estão relativamente saudáveis.

Outro fator é a forma como os pesquisadores estão abordando o tratamento, diz Sperling.

“Aprendemos a ser mais agressivos com a dosagem”, diz ela, o que reduz rapidamente o amiloide a níveis muito baixos no cérebro.

Mas os cientistas ainda não têm certeza de quais formas de amiloide oferecem o melhor alvo.

Moléculas únicas de amiloide parecem ser inofensivas. Mas os cientistas aprenderam que, quando essas moléculas começam a se agrupar, elas podem assumir formas tóxicas. Eventualmente, esses aglomerados acabam em placas entre as células cerebrais.

“Houve um debate em nosso campo por 30 anos sobre se as placas em si estão causando o problema”, diz Sperling. E os resultados com donanemab e leqembi provavelmente não acabarão com esse debate.

O donanemab é projetado para atacar placas especificamente. O Leqembi é projetado para atacar outras formas de amiloide, embora também remova placas.

Ainda assim, ambos os medicamentos parecem retardar a perda de memória e pensamento em pacientes com Alzheimer precoce.

Um estudo do qual Sperling está envolvida pode ajudar a responder à questão do amiloide tratando pessoas que ainda têm muito pouca placa em seus cérebros.

“Se virmos benefícios mesmo nessa fase”, diz Sperling, “pode-se argumentar que não é apenas a placa” que está erodindo a memória e o pensamento.

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